Uma estudante, identificada como Clara Costa, publicou em suas redes sociais que foi indeferida sem justificativa, pela banca de heteroidentificação que realiza a avaliação de alunos que adentram pelo sistemas de cotas raciais da Universidade Federal do Pará (UFPA) para que não ocorram fraudes. Segundo Clara, a banca a avaliou como uma pessoa branca, mesmo ela sendo compreendida socialmente como mulher negra.
Clara foi aprovada no curso de Sistema de Informações, dentro do sistema de cotas PPI (pretos, pardos e indígenas) e escola, pois é ouriunda de escola pública. “Sim, de acordo com a banca de heteroidentificação eu sou uma pessoa branca, já que me declarei na avaliação como uma pessoa “parda” e fui reprovada”, desabafou.
A estudante ainda relatou que toda essa situação tem causado um desgaste psicológico tremendo, pois ela nunca havia tido sua identificação racial invalidada. “Moramos na Amazônia e temos um povo negro miscigenado não somente com o povo branco, mas com o indígena também! É de um desconhecimento tremendo se referenciar em uma leitura racial baseada em fenótipos somente, sem entender as particularidades do que é ser negro na Amazônia”, explicou.
A jovem ainda afirmou que esse tipo de situação ocorre com frequência na maior universidade do Norte, e avaliou o caso como racismo institucional. “É assim que o racismo instituicional se perpetua, pois sabem quantas pessoas são reprovadas nesse processo e têm condições psicológicas e financeiras para recorrer dessa decisão? Respondo: Pouquíssimas”, lamentou.
Há anos, a UFPA recebe esse tipo de acusação contra a banca de heteroidentificação. Em 2021, uma nota de repúdio por parte de estudantes, causou polêmica nas redes sociais devido a terem suas matrículas indeferidas no sistema de cota PPI (Pretos, Pardos e Indígenas). O grupo de estudantes acusou a universidade de fraude e procurou o Ministério Público para realizar as denúncias.
O Portal Roma News entrou em contado com a universidade e aguarda um posicionamento.