O Pará e o Brasil acompanhou nesta quinta-feira, 9, o desfecho do caso em que um homem de 27 anos, identificado como Yann Carlos Monteiro Barroso, manteve por 17 horas uma mulher refém, dentro de um carro, na Avenida Augusto Montenegro, bairro da Marambaia, em Belém. Esse é o mais longo processo de negociação de liberação de reféns da história do Pará.
Yann teria abordado a vítima, identificada como Ana Júlia Sousa, de 26 anos, que estava com seus três filhos, de 3, 7 e 12 anos na noite da quarta-feira, 8. Armado com duas facas, o jovem abordou a família quando eles entravam em um carro de aplicativo. O motorista do veículo ainda chegou a travar uma luta corporal com Yann dentro do carro até que conseguiu fugir, levando as chaves do veículo e pedir ajuda da Polícia Militar que estava próximo ao local onde tudo aconteceu.
Duas das crianças foram liberadas ainda na noite de ontem, 8, uma às 22h50 e a outra por volta das 23h39. A terceira criança, de apenas 3 anos foi liberada por volta das 9h de hoje, 9. Mas a mãe das crianças, seguia sob o poder dele, sendo liberada somente 17h depois do início da ocorrência.
Mas afinal, quem é Yann Carlos?
De acordo com familiares de Yann, o jovem sofre com algum tipo de distúrbio ou doença psiquiátrica que até o momento, não foi identificada através de diagnóstico profissional. De acordo com o pai e a tia do jovem, que acompanharam toda a situação do sequestro, o rapaz teria entrado em uma espécie de surto na quarta-feira, 8, dia que ele fez Ana Júlia e os filhos reféns.
Ainda de acordo com os familiares, aos 5 anos de idade, Yann perdeu a mãe e desde então, ele veio desenvolvendo vários episódios de surtos, porém, segundo a tia do rapaz, Lorena Monteiro, ele nunca teria apresentado algo de forma tão violenta ou criminosa.
No ano de 2015, de acordo com a Polícia Civil do Pará, Yann foi preso por roubo e, no ano seguinte, em 2016, voltou a ser preso por desacato. A polícia no entanto não confirma que ele tenha algum transtorno psiquiátrico ou doença da mente, e afirmou que esse tipo de diagnóstico somente especialistas podem falar.
Como era a vida de Yann?
De acordo com a família de Yann, ele estava morando em Santa Catarina, e lá, ele trabalhava com porcelanato, granito e mármore e, levava uma vida normal. Ele dividia um apartamento com sua esposa, mas, de acordo com a família de Yann, a companheira do sobrinho decidiu terminar o orelacionamento e isso gerou um novo trauma na vida do jovem.
Ainda de acordo com a família do rapaz, com o fim do casamento ele teria pedido para retornar a Belém para fazer tratamento psicológico. Mas, após esse contato com a família, Yann não deu mais retorno e somente na segunda-feira, 6, três meses depois do último contato, que ele reapareceu na casa dos parentes na capital paraense.
Segundo os familiares de Yann, o jovem afirmava que estava sendo perseguido e que tinham pessoas ameaçando ele, porém, a família nunca conseguiu comprovar as informações do rapaz.
Segundo o pai de Yann, há tempos que a família tenta ajuda profissional para o filho no Hospital das Clínicas, mas, nunca conseguiu atendimento, nem ambulância para levá-lo até o hospital que é especialista em atendimento para a saúde mental.
Como Yann agiu no sequestro?
O jovem prendeu a Ana Júlia e os filhos no carro às 19h da noite desta quarta, 8. Durante o início do período de negociação, ele não demonstrava que iria machucar os reféns. Suas únicas exigências foram água para ele e para os reféns e a presença da imprensa e dos seus familiares.
Somente quando ele iniciou o processo de liberação dos reféns que ele demonstrou um comportamento agressivo. Ele já passava a ameaçar a jovem com a faca em seu pescoço, ele defecou no carro e enquanto se alimentava de pizza e bolo que pertenciam às vítimas, ele tentou dar comida para elas com a mão suja de fezes, e no final, ele atentou contra a própria vida, cortando o pescoço.
Para o pai de Yann, o comportamento do filho era como se ele quisesse pedir ajuda, uma forma de chamar atenção para sua situação.
Cirurgia após tentativa de se matar
Yann, após liberar a última refém, tentou se matar passando a faca pelo seu pescoço. Mas, ele foi socorrido por homens do Corpo de Bombeiros e encaminhado para o Hospital Metropolitano de Urgência, onde foi submetido a uma cirurgia. Yan está intubado, mas estável.