A Petrobras pretende começar ainda neste ano a exploração de petróleo e gás em águas profundas na Margem Equatorial, região que abrange o Pará e outros cinco estados. A área começa no Rio Grande do Norte e segue até o Oiapoque (AP), com as bacias Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar.
O objetivo da Petrobras é assegurar uma nova frente de produção a partir da década de 2030, para repor a perda de reservas com o avanço da extração no pré-sal, que começou em 2010.
O processo de exploração está na fase do licenciamento ambiental. A Avaliação Pré-Operacional (APO), que é a etapa final para obtenção da licença ambiental para exploração na Margem Equatorial, deve ser realizada ainda em março.
O plano de negócios da Petrobras para o período de 2023 a 2027 prevê que 16 poços devem ser perfurados na região. A companhia vai destinar US$ 2,94 bilhões para a Margem Equatorial, quase metade dos US$ 6 bilhões que a empresa projeta para exploração no período.
O primeiro deles será o Poço Morpho, localizado no Bloco FZA-M-59, que está a cerca de 175 Km da costa do Amapá e a 2.880 metros de profundidade. A Petrobras aguarda liberação para realizar o simulado desde dezembro do ano passado. No entanto, a licença para Centro de Reabilitação e Despetrolização da Fauna só foi obtida em fevereiro.
Mas afinal, por que essa exploração é importante?
O petróleo e o gás são recursos não-renováveis, que ficam com as reservas reduzidas conforme é feita a extração. Hoje, 75% da produção de petróleo brasileira vem da Bacia de Santos (RJ/SP/PR/SC), onde estão os principais campos do pré-sal e que, segundo especialistas, estão em declínio.
Por isso, as reservas da Margem Equatorial são a principal aposta da Petrobras para manter o nível de produção de petróleo e gás a partir da década de 2030.
Além disso, as atividades na Margem podem aumentar as receitas diretas e indiretas, como de royalties e do setor de serviços, no Pará, Maranhão, Amapá, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte.
Preocupações ambientais
Por ser uma nova fronteira na qual não há muito conhecimento geológico e as bacias serem próximas da Floresta Amazônica, a Margem Equatorial também é centro de uma preocupação dos ambientalistas. Eles temem impactos sobre a biodiversidade da região, assim como os efeitos sobre comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.
A Petrobras afirma que tem feito estudos para identificar possíveis impactos decorrentes de operações. A companhia quer aplicar tecnologias para a preservação e manutenção das características físicas e biológicas do ambiente durante as atividades. Em paralelo, a estatal prevê desenvolver projetos socioeconômicos na região, com foco no cuidado ambiental.