Na última semana, o maior banco da Suíça, o UBS, informou que aceitou comprar seu rival, que está em dificuldades, o Credit Suisse, após um acordo de resgate de emergência que tem como objetivo conter o pânico do mercado financeiro desencadeado após a falência de dois bancos americanos no início do mês.
“O UBS anunciou hoje a aquisição do Credit Suisse”, disse o Banco Nacional Suíço através de um comunicado. “Essa aquisição foi possível com o apoio do governo federal suíço, da Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro Suíço e do Banco Nacional Suíço”, acrescentou o banco central.
Segundo o comunicado, o resgate “asseguraria a estabilidade financeira e protegeria a economia suíça”.
De acordo com informações, o UBS está pagando 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,25 bilhões) pelo Credit Suisse, o valor é aproximadamente 60% menos do que a instituição financeira valia quando os mercados fecharam na última sexta-feira, 17.
Os acionistas do Credit Suisse serão amplamente prejudicados, recebendo apenas 1 ação do UBS por 22,5 ações do Credit Suisse que possuem. O negócio não precisará da aprovação dos acionistas depois que o governo suíço concordou em mudar a lei para que possa ser concluído rapidamente.
A confiança dos investidores e clientes do Credit Suisse vinha sofrendo uma queda. No ano passado, a instituição registrou sua pior perda desde a crise financeira global.
Mas, a última semana foi o auge, a confiança simplesmente desmoronou após o banco ter reconhecido “fraqueza material” em sua contabilidade e com o desaparecimento do Silicon Valley Bank e do Signature Bank o medo sobre instituições mais fracas se espalhou no momento em que as altas taxas de juros minaram o valor de determinados ativos financeiros.
As ações da agência bancária de 167 anos despencaram 25% na semana, correntistas estavam fazendo retiradas de depósitos de mais de US$ 10 bilhões por dia, segundo informou o Financial Times.
Nem mesmo um empréstimo de emergência feito pelo Banco Nacional da Suíça não foi capaz de estancar o sangramento.
Desesperadas na tentativa de evitar que o colapso se espalhasse no sistema financeiro global já nesta segunda-feira, 20, as autoridades suíças pressionaram um resgate do setor privado, solicitando apoio limitado do Estado, enquanto já consideravam o Plano B – uma nacionalização total ou parcial.
A aquisição emergencial foi firmada após dias de negociações que envolveram reguladores financeiros na Suíça, Estados Unidos e Reino Unido. O UBS e o Credit Suisse fazem parte da lista dos 30 bancos mais importantes do sistema financeiro global e, juntos, eles contam com cerca de US$ 1,7 trilhão em ativos.
“Dadas as recentes circunstâncias extraordinárias e sem precedentes, a fusão anunciada representa o melhor resultado disponível”, afirmou o presidente do Credit Suisse, Axel Lehmann, através de um comunicado.
“Este tem sido um momento extremamente desafiador para o Credit Suisse e, embora a equipe tenha trabalhado incansavelmente para resolver muitos problemas legados significativos e executar sua nova estratégia, somos forçados a chegar a uma solução hoje que forneça um resultado duradouro.”
Nos últimos 2 anos, as ações do UBS subiram 15% e registraram um lucro de US$ 7,6 bilhões no ano passado. A maior instituição financeira da Suíça possui um valor de mercado de ações de aproximadamente US$ 65 bilhões na sexta, 17, segundo informou a Refinitiv.
Já as ações do Credit Suisse perderam 84% do seu valor no mesmo período avaliado e, no ano passado, o banco registrou uma perda de US$ 7,9 bilhões. No final da última semana, valia somente US$ 8 bilhões.
Além de ter o status de segundo maior banco da Suíça, a instituição financeira é responsável por cuidar da fortuna de muitas das pessoas mais ricas do mundo e também, por oferecer serviços globais de banco de investimento.
O Banco Nacional da Suíça afirmou que fará um empréstimo de 100 bilhões de francos suíços (US$ 108 bilhões) ao UBS e ao Credit Suisse para que possa aumentar a liquidez.
Com informações da CNN